A Nintendo é um dos nomes mais importantes do mundo dos videojogos. Enquanto várias marcas icónicas desapareceram, a Nintendo soube resistir ao tempo e continua a ter uma presença forte neste segmento. O caminho não tem sido ‘limpinho’, com alguns altos e baixos, mas no final contam os que cá estão e a ‘Big N’ ainda está aí para as curvas.
O mais recente exemplo disso é a Nintendo Switch. Depois de um projeto menos bem conseguido, a Nintendo Wii U, a tecnológica voltou a escolher o caminho da diferenciação para conquistar os jogadores. A aposta parece estar a correr bem, com a Nintendo a poder quase duplicar as previsões de produção e com a Switch a estar esgotada em vários mercados, algo que já aconteceu inclusive em Portugal.
Siga o Future Behind: Facebook | Twitter | Instagram
Se a Nintendo conseguiu sobreviver às adversidades do tempo e à concorrência agressiva isso deve-se em parte a um elemento importante: a tecnológica japonesa soube e sabe capitalizar como ninguém o seu portfólio de videojogos, sobretudo os mais antigos.
Clássicos é com a Nintendo: Mario, Luigi, Link, Zelda e Donkey Kong estão entre as personagens de videojogos mais conhecidas e respeitadas da indústria. Só estes nomes já foram responsáveis pela venda de milhões e milhões de jogos que atravessaram gerações. Para isso contribuiu muito a inteligência da Nintendo.
Por exemplo, os emuladores para as consolas mais recentes sempre foram uma ideia que deu força não só aos jogos antigos, como também a diferentes consolas da empresa. Mais recentemente tivemos uma abordagem completamente diferente – o lançamento de versões modernas de consolas que marcaram gerações.
A grande pedrada no charco foi a Nintendo Entertainment System Classic, uma verdadeira surpresa e que se revelou um sucesso comercial muito interessante – 2,3 milhões de unidades vendidas e só não foram mais porque a Nintendo decidiu parar as vendas daquela que também ficou conhecida como a NES Mini.
Mas o apelo ao saudosismo não ficou por aí: no final de junho a empresa anunciou ao mundo a Super Nintendo Entertainment System Classic, uma versão moderna da SNES.
Já tivemos a oportunidade de experimentar a SNES Mini e estas são as nossas primeiras impressões.
Fórmula de sucesso
A Nintendo já tinha feito quase tudo bem com a NES Mini e a empresa aproveitou a experiência desse lançamento para repetir a fórmula de sucesso. A SNES Mini é uma réplica, de pequenas dimensões e muito leve, da SNES lançada na década de 1990. A construção do equipamento é em plástico e não é muito luxuosa, mas não é o hardware que conta.
Se no caso da NES Mini o hardware foi importante devido ao fator novidade do formato, no caso da SNES Mini o hardware em si tem pouco impacto. O mais importante são os 21 jogos que são incluídos na consola, pois é aí que reside o seu verdadeiro valor.
Há no entanto uma parte do hardware que é sempre importante: os comandos. No caso dos controladores da SNES Mini, estes apresentam-se com um tamanho generoso, muito próximo aos originais, com uma boa ergonomia e com botões que têm um bom nível de resposta. O design foi respeitado ao máximo e este é um exemplo de como um produto bem feito sabe resistir ao tempo.
As linhas simples do comando também significam uma curva de aprendizagem relativamente baixa, algo que será benéfico para quem nunca teve uma SNES e gostava de investir na versão Mini.
Relativamente aos jogos há uma diferença importante entre a SNES Mini e a NES Mini – na nova consola a Nintendo vai incluir 21 jogos, os únicos que o sistema vai receber, enquanto a NES Mini vinha equipada com 30 jogos. É uma redução significativa e que pode tornar a consola menos apelativa do ponto de vista do preço: em Portugal a SNES Mini está a ser comercializada em pré-venda por 90 euros, enquanto a NES Mini custou 60 euros. São menos jogos e por mais dinheiro.
Leia também | Nintendo Classic Mini: Uma caixinha de memórias vista ao pormenor
Há no entanto um factor importante a destacar, que é também raro: entre os 21 jogos da SNES Mini está um jogo inédito e que nunca foi lançado de forma oficial. Trata-se de Star Fox 2 e este jogo sozinho vai justificar para muitos retrogamers o investimento pedido pela SNES Mini.
Relativamente aos outros 20 jogos podemos considerar que a seleção está muito bem composta, recheada de grandes clássicos: Super Castlevania IV, Final Fantasy III [Final Fantasy VI na versão japonesa], Super Mario Kart, Contra III, Donkey Kong Country, F-Zero, The Legend of Zelda: A Link to the Past, Mega Man X e Super Metroid são alguns exemplos.
Além de serem quase todos jogos icónicos, são jogos muito diversificados no estilo e na jogabilidade, pelo que parecem estar reunidas condições para várias horas de entretenimento à volta da SNES Mini.
Há alguns jogos muito conhecidos da SNES que não integraram esta lista – Chrono Trigger, Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time, Mortal Kombat II ou Donkey Kong Country 2 são apenas alguns exemplos. O ideal seria ter todos disponíveis, mas a Nintendo teria sempre de fazer algumas escolhas e parece-nos que as que fez são bastante positivas, sobretudo pela inclusão de Zelda: A Link to the Past.
Algumas novidades
A SNES Mini mantém algumas características da NES Mini que tornam mais interessante reviver ou jogar pela primeira vez estes jogos: os utilizadores poderão escolher três formatos de qualidade de imagem, sendo que um deles até tenta emular a qualidade dos jogos em ecrãs CRT.
Uma das novidades está no facto de o jogador poder escolher separadores laterais para os jogos, para disfarçar as largas colunas pretas que surgem devido às diferenças dos formatos de imagem: os televisores de antigamente tinham um formato de 4:3, já os televisores modernos apostam no 16:9.
Há também uma outra inovação relativamente à NES Classic: com a nova consola a Nintendo inclui uma funcionalidade que permite ao jogador recuar no tempo. Vamos imaginar que morreu às mãos de um boss final quando precisava apenas de dar mais um tiro – basta aceder ao menu principal da consola, ir até aos slots de gravação de progresso e carregar no botão X.
O jogador automaticamente recua algumas dezenas de segundos e pode escolher o momento exato em que pretende recomeçar a sua aventura. Os mais puristas vão odiar provavelmente esta componente da SNES Mini, mas esta é uma funcionalidade opcional e que terá sido concebida acima de tudo para ajudar as gerações mais novas e que têm perfis de jogo muito distintos.
Leia também | Chapéus há muitos, mas nenhum como o do Super Mario
No geral a Nintendo apresenta aqui mais uma proposta de valor forte. Não há propriamente grandes pontos negativos a destacar – sim, seria bom ter acesso Wi-Fi à consola e que nos permitisse descarregar novos jogos quando estes 21 estivessem concluídos. Mas essa não é e nunca foi a intenção da Nintendo para esta tipologia de produto.
Também seria bom ter uns cabos mais compridos para os comandos, pois pedir controladores sem fios já seria desvirtuar o conceito de remasterização. Do lado positivo destaca-se o facto de a SNES Mini trazer dois comandos de origem, o que permite explorar jogos multijogador logo a partir do primeiro momento.
O facto de trazer menos jogos do que a NES Mini e de ser mais cara é uma questão que pode suscitar alguma discussão, mas o preço não é descabido. A SNES Mini não é só uma consola, é um pedaço de história e é a hipótese de ficar com alguns dos mais icónicos videojogos do início da década de 1990.
Além de ter títulos aclamados, tem igualmente um jogo nunca antes lançado. Bons motivos não faltam para considerar o investimento na SNES Mini se gosta de retrogaming ou especificamente das franquias da Nintendo.
Se os 16-bits são a sua onda, então marque na agenda: a Super Nintendo Entertainment System Classic Edition vai ficar disponível no dia 29 de setembro.