Sem fazer uma pesquisa o mais provável é não saber a resposta. Ainda para mais o jogo é recente. Mas não faz mal, o objetivo da questão era mesmo esse, deixá-lo mais à vontade com o conceito de trivia, jogos à base de perguntas. Aprender é justamente um dos objetivos do jogo Trivia Planet e enquanto descobríamos o mais recente trabalho da empresa Subtraction ficamos a saber, por exemplo, que os escorpiões brilham perante uma luz ultravioleta no escuro.
Mas o que é afinal o Trivia Planet? Nós damos a resposta sem escolha múltipla: é um jogo de perguntas que coloca à prova o conhecimento geral dos utilizadores em três áreas – Cinema, Geografia, História – e foi desenvolvido pela software house portuguesa para a Apple TV.
A Subtraction quis acima de tudo fazer um jogo que fosse divertido e que pudesse reunir a família num desafio de quiz. A perspetiva é que haja convívio e aprendizagem, razão pela qual não existe, por exemplo, tempo para as respostas. A competitividade também está lá, mas de tudo talvez seja o menos relevante no jogo.
Um dos aspetos que diferencia o Trivia Planet de muitas outras produções made in Portugal é justamente a plataforma para a qual foi pensado. Apesar de não se saber ao certo qual o número de utilizadores da Apple TV que existem no mundo, o apelo para a Subtraction foi imediato.
“Na altura a Apple tinha acabado de lançar a plataforma. Pareceu-nos interessante saltarmos a bordo logo no início, para o caso da plataforma descolar”, disse ao FUTURE BEHIND um dos elementos da Subtraction, Fábio Bernardo.
A equipa da empresa é constuída por mais dois elementos – Diogo Brito e Ricardo Barroso -, ambos programadores. Para o Trivia Planet, em específico, a equipa precisou de apoio externo como por exemplo Luís Cavaco, a pessoa que tratou da arte do jogo.
E a arte é de facto um dos elementos em destaque no Trivia Planet. Todo o jogo tem uma imagem apelativa, moderna e divertida. Como o próprio Fábio Bernardo diz, o “look and feel está lá”.
Do que experimentámos de Trivia Planet o jogo pareceu bem estruturado e bastante simples na sua forma de utilização. No menu principal temos apenas de escolher se queremos jogar sozinhos ou se preferimos o modo multijogador local. Se estão a perguntar se há multijogador online a resposta é não e o motivo já foi explicado: é suposto ser um jogo familiar, em torno da televisão.
“Como é que nós podemos fazer isto para que não seja excessivo, não seja as pessoas a olharem para o televisor, tudo calado? Decidimos remover o tempo. E como é que nós podemos fazer isto de modo a que seja divertido e desafiante para as pessoas e não seja propriamente uma competição, mas mais um ‘falhaste aquela e toda a gente aprende no fim‘?”. Foi esta a linha de pensamento da Subtraction no desenvolvimento do jogo, como explicou Fábio Bernardo.
Ao todo existem 600 questões para serem respondidas. Através do comando da Apple TV navega-se pelas respostas e seleciona-se a que pensamos estar correta, tal como num Quem Quer Ser Milionário ou The Big Picture. Se acertarmos avançamos para a questão seguinte sem perder vidas. Se não acertarmos lá se vai um dos nossos quatro corações.
Pareceu-nos que há alguma falta de contextualização relativamente à história do jogo e das personagens. E isto ficou mais claro quando soubemos que existe de facto uma história para ser contada.
“Tens um conjunto de jogadores, de personagens, que unem-se para fazer um torneio de trivia naquele planeta. E cada um dos personagens tem uma própria história. O Bit and Bot, por exemplo, na verdade eles eram muito pequeninos e não os deixavam entrar. Então juntaram-se para poderem ficar mais altos e jogar”, revelou Diogo Brito.
O jogo foi disponibilizado em março e ainda não teve uma forte divulgação. Mas a Subtraction já tem alguns indicadores positivos sobre o título, como os sete minutos em média que os jogadores passam no jogo.
Trivia Planet é um jogo gratuito, mas no futuro o objetivo é que venha a ter pacotes de questões extra que permitam monetizar a aplicação – por exemplo, questões apenas relacionadas com a Disney ou com o universo Star Wars.
Mas o objetivo da Subtraction não é transformar o Trivia Planet no próximo Monument Valley ou no Angry Birds. Para a empresa este trabalho funciona como um montra daquilo que podem fazer – tanto em termos de conceito, como ao nível de plataformas.
“O Trivia Planet é o nosso mergulho na indústria dos jogos, é o nosso molhar o pézinho. Mas nós decidimos molhar o pézinho e fizemos um jogo que parece uma app”. Além do jogo foi também desenvolvida uma aplicação dedicada para iPhone que possibilita o sistema multijogador local.
Parabéns a você, nesta data querida…
No dia em que visitámos a Subtraction – 27 de abril – para conhecer o Trivia Planet ficámos a saber também que era o dia do primeiro aniversário da empresa.
Durante o último ano a Subtraction trabalhou em vários projetos e alguns deles internacionais: Felix, uma aplicação para profissionais cobrarem a clientes através das plataformas mobile; Skill.it, uma framework para programadores de jogos poderem incluir desafios nos seus títulos; ou a HandsOff.me, uma app que permite criar uma lista de amigos e sempre que o utilizador estiver em perigo basta carregar no botão de SOS que um SMS e emails são enviados para a lista de amigos a dizer que está com problemas, incluindo informações como localização e imagens de video da câmara do smartphone.
Mas o grande interesse está agora no futuro: a Subtraction vai manter-se como uma software house ou o objetivo passa por focar-se no desenvolvimento de projetos próprios? Uma mistura dos dois é a resposta mais acertada.
“Esse tem sido o tema de debate deste último ano. Falamos várias vezes sobre fazer produtos, tivemos algumas ideias internamente sobre que produtos fazer e o Trivia Planet foi uma delas”, partilhou Fábio Bernardo a propósito dos destinos da empresa.
“Gostamos imenso de trabalhar com outras empresas. Permite-nos aprender e crescer”, acrescentou.
Em termos de projetos próprios a Subtraction vai começar a olhar para tecnologias emergentes e para novas plataformas de desenvolvimento.
“Queremos imenso experimentar e começar a ver quais os desafios da realidade virtual. Mas para utilitários mesmo, não é para jogos nem para filmes. Para quem trabalha de forma remota o que é que se pode fazer com realidade virtual que ajude as pessoas, por exemplo, numa reunião?”, questionou Fábio Bernardo.
“Outra coisa para a qual temos estado a olhar é a Alexa. Aquilo é espetacular. Interação por voz vai ser algo brilhante. Acho que a Subtraction deve começar a explorar estas novas plataformas, mesmo que seja a fazer projetos de nicho e que não vão vender. Não nos vão dar dinheiro, mas vão dar experiência nestas plataformas que acreditamos que vão vingar” adiantou o programador.
“São trabalhos que vão diferenciar-nos, mostram que não há medo de pegar em coisas novas”, acrescentou, por fim, Ricardo Barroso.
Perante tais possibilidades quase que seria possível criar uma nova questão para o Trivia Planet: qual vai ser afinal o próximo grande projeto da Subtraction?