Passaram mais de sete meses desde que a LAIQ foi oficializada. Como marca de smartphones estava longe de ser igual a tantas outras – tinha como elemento extra o facto de ser portuguesa. Os consumidores estavam habituados a escolher entre marcas norte-americanas, sul-coreanas, chinesas e até espanholas. Não portuguesas.
Os hábitos de consumo não mudam do dia para a noite e talvez por isso é que a LAIQ continua com os pés bem assentes na terra. O diretor-geral, Arnaldo Rodrigues, reafirmou no evento de apresentação do Glow que o principal objetivo é conseguir uma quota de mercado de smartphones em Portugal que esteja entre 1 e 2%.
O início da marca não foi explosivo, mas também não desiludiu como explicou o executivo ao FUTURE BEHIND.
“Diria que não superou as expectativas, mas estamos a cumprir as expectativas. Talvez se superássemos as expectativas tivéssemos uma maior presença junto da rede de retalho. É algo que nós já identificámos e que temos de trabalhar nesse sentido, trabalhar com outros parceiros ao nível do retalho para estar em mais lojas, mais próximos das pessoas”.
O feedback recebido pelos primeiros compradores da marca tem sido positivo, de acordo com Arnaldo Rodrigues. E o facto de a marca ser portuguesa, sim, acaba por ajudar.
“Para quem compra telefones Android o factor preponderante de decisão é o preço e depois as características técnicas. Percebemos ‘ok, porque não baixamos o preço, metemos muito boas características técnicas e vamos apostar num telefone que está mais próximo da capacidade de compra das pessoas’. E foi isso que nós fizemos. Outra coisa que acho que interessa às pessoas é saberem que é uma marca portuguesa e podem ligar para nós, podem deixar-nos uma mensagem que respondemos”.
Um ponto a ter em conta: a LAIQ não é a primeira nem a única marca portuguesa de smartphones. Antes já o MEO, a NOS e a Vodafone Portugal tinham lançado equipamentos de marca própria – marca, não fabrico -, havendo também registos de outras marcas nacionais que aventuraram-se no segmento dos telemóveis inteligentes como a Wow Mobile ou a 1Life. Já no final de 2015 surgiu ainda a IKI Mobile que promete inclusive fabricar os equipamentos em território nacional.
A empresa-mãe da LAIQ, a S.D.T. Eletrónica, já trabalhou por exemplo com o MEO no fornecimento de 200 mil smartphones. Mas agora a marca portuguesa também quer fazer parte do catálogo de equipamentos que os operadores de telecomunicações disponibilizam aos clientes.
“É objetivo entrar nos operadores, aumentar a capilaridade como lhe disse há pouco. Vai aumentar seguramente a nossa presença junto das pessoas e obviamente isso reflete-se nas vendas”.
O ter maior visibilidade e estar em mais lojas não chega. O que vende são os equipamentos e para isso a LAIQ está a preparar mais alguns anúncios ainda para 2016.
“Queremos melhorar a gama de equipamentos e chegar ao nosso objetivo: cinco telefones em gama, trocados anualmente e não mais do que isso. Não queremos ter 20 modelos, não temos a pretensão de ter muitos modelos. Queremos ter modelos que tenham um ciclo de vida de um ano”, disse o diretor-geral.
Arnaldo Rodrigues excluiu a possibilidade de a LAIQ entrar noutros segmentos de equipamentos como os tablets e os relógios inteligentes. Admitiu que a LAIQ “já pensou nisso”, mas considera que o futuro reside no smartphone e portanto é aí que deve estar a aposta.
“O smartphone é claramente ‘O’ dispositivo, o equipamento que está nas mãos das pessoas, é o centro de gravidade da Internet de nova geração, a Internet das Coisas. Vai estar tudo ali à volta do smartphone”, concluiu.